Em Campinas, oferta de novos e grande e Viracopos garante demanda. Preço dos apartamentos e casa antigas também devem cair no mercado.

A restrição de financiamentos de imóveis usados com recursos da poupança pela Caixa Econômica Federal deve alavancar a venda de unidades novas, particularmente na região de Campinas (SP). Além disso, deve reduzir o preço dos antigos e reativar o mercado de alugueis, segundo especialistas ouvidos pelo G1.

Desde o dia 4 de maio, o valor total financiado caiu de 80% para 50% no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que usam recursos da poupança e do FGTS. Já no Sistema Financeiro de Imobiliário (SFI), a queda foi de 70% para 40%. Este módulo deixa a compra mais flexível do que o primeiro.

O banco federal detinha 70% das vendas ao longo prazo no país antes destas alterações. 
Para o diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi), Fuad Jorge Cury, o mercado de novos deve ganhar fôlego em Campinas (SP) neste momento.

Isso porque, lançamentos que tiveram problemas de embargos em anos anteriores na cidade não foram totalmente comercializados.

Campinas ainda teria demanda devido à ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, que prevê 80 milhões de passageiros até o fim da concessão, em 2032.

De acordo Fuad Jorge Cury, 12% dos estoques continuam aguardando compradores, mas os preços não devem sofrer alterações favoráveis aos compradores em todos os casos.

“Os preços dos novos [imóveis] não devem cair muito. Vão cair apenas para aquelas empresas que fizeram muitos lançamentos no passado e não conseguiram vender. Aí, vão estar em uma posição mais desvantajosa. E o comprador pode conseguir baixar o valor de 10% a 20%”, avalia o dirigente sindical.

Para o sócio do Banco do Imóvel, Gilberto Marmol, o momento é mesmo para as construtoras ‘desovarem’ casas e apartamentos novos encalhados. Mas para ele, é hora de investir em descontos porque apenas imóveis populares de até R$ 190 mil estavam “aquecidos” no mercado até as mudanças recentes.
“Quem tem um imóvel avaliado em R$ 500 mil e quer trocá-lo por um de R$ 800 mil não deve ter pressa. Os negócios vão sair”, aconselha Marmol.

E o especialista lembra que imóveis novos são aqueles que têm habite-se emitido em até seis meses. O documento atesta que o imóvel obedece à legislação.

Para o advogado Renato Ferraz Sampaio Savy especialista em mercado imobiliário, o momento é mesmo ideal para comprar. "No meu entendimento, sim, esta é uma boa hora para se investir em imóveis ou mesmo para adquirir a cas própria. Com a retração atual do mercado, as construtoras estão concedendo ótimos descontos para quem quiser investir em um imóvel".

Ele lembra que é preciso negociar e usar uma imobiliária de boa precedência. "Os advogados especializados em direito imobiliário são fundamentais neste processo inicial, pois dão suporte e segurança jurídica a ambas as partes", disse.

Preço dos usados
Se as unidades residenciais novas devem “aquecer” o setor, o valor dos usados pode cair. “Com menos crédito para imóveis usados, poderá haver sim uma redução dos valores, uma vez que os proprietários interessados na venda deverão se adequar a nova realidade”, disse acreditar o economista Guilherme Damasceno.
Ainda segundo Damasceno, a redução já teve início nesse ano, já que pessoas com dinheiro para investir têm conseguido descontos de até 25%, mas quando negociam direto com o proprietário.

Pega de surpresa
A troca de rumo nos financiamentos públicos atrapalhou os planos da autônoma Ana Lúcia Pinto, de Campinas. Ela quer trocar o apartamento dela no bairro São Bento para um no centro, perto de onde ela trabalha e para escapar do trânsito nos horários de pico. “Estou procurando um apartamento na faixa de R$ 380 mil e não tenho como financiar só 50%. E agora?”, lamenta.

Sem o dinheiro da Caixa, ele pensa em procurar um banco da rede particular para concretizar o sonho de morar mais perto do trabalho.

Mercado de aluguéis
Para o coordenador do curso de economia do Mackenzie Rio, Marcelo Anache, as alterações da Caixa vão reativar o mercado de alugueis. Só em Campinas, são 5 mil imóveis residenciais e comerciais esperando um locatário.

“Na minha opinião, o mercado de locação vai ficar mais atrativo. A classe média não terá como bancar imóveis à vista após as mudanças da Caixa e vai morar como?”, analisa o economista.
Como os imóveis para locação estavam em baixa até as novas regras de financiamento, o especialista disse acreditar que os preços não devem cair neste primeiro momento. “Talvez no  segundo momento, quando a economia fizer a maturação das novas regras”, completa.